terça-feira, maio 20, 2014

Passarinheiro

As portas se entreolhavam numa realeza mágica lúdica onde os ventos não se dissipavam não se dispersavam.
As portas da nossa casa comungavam na visita dos passarinheiros. 
As garrafas de cafés transbordavam ao lado dos cantos dos passarinhos.
O gorjeio do sabiá da Bahia, do sabiá da praia, do sabiá gonguê.
O açoite do galo de campina.
As repetições no canto do curió.
O canto disparado e contínuo do canário belga.
Os estalos do canário da terra.
As procriações dos periquitos australianos.
O tinindo na bigorna do ferreiro.
O hino nacional do concriz.
As variações azulões bem te vis chegavam para visita.
A beleza do xexéu de bananeira com seu bico alongado jogava o pão com leite na parede lisa.
O sanhaço pardo azul arco íris.
As portas se entreolhavam numa realeza mágica lúdica onde os ventos não se dissipavam não se dispersavam.
E a poesia permeou-me frutificou-se nesse olhar onde os cantos deram lugar as saudades aos choros dos rouxinóis.

Oreny Júnior

(..para meu pai, Oreny, em memória)

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