domingo, fevereiro 28, 2010

a goiabeira

durante 40 anos
uma goiabeira
reinou no quintal
da nossa casa
ela que nos deu
frutos
e alimento
para o dia a dia
as goiabas mais vermelhas
que já conhecí
as mais doces
também
embaixo dela
lí livros do oswald, haroldo
era o moderno na sombra
da goiabeira
quão belos sucos
minha mãe fazia
os din din's que vendíamos
nos campos de várzea da redondeza
entre os vênus
campos do cabugí, do américa(por trás da rodoviária)
dessa goiabeira
minha mãe nos criou
quantas cachaças ela presenciou
lá no fundo do quintal da casa 38
hoje, a goiabeira está cortada pelo tronco
dizem que morreu, que já era tempo
só não morreu meu romantismo por ela
minha fiel escudeira de uma infância/adolescência/madura poesia
goiaba vermelha
doce suculento em caldas avermelhadas
cor do meu sangue
doce de uma eterna esperança
obrigado por tudo amiga mãe goiabeira...

Oreny Júnior

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

rio

rios de abrigo
de lixo
rio que era
luxo
rio que chora pus
rio que banha
a cidade
que arreganha
as pontes
os barracos
as taperas
rio que um dia
foi poema
potengy de natal
a baía de todos os santos
está suja
a guanabara também
rio que clama
e declama
a poesia órfã
órfã de banho límpido
de beleza infanto
rio
meu rio
posso dizer
sinto frio
sem seu agasalho
meu rio sofrido
meu rio
rio
rio
rio...

Oreny Júnior

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

vazio

ontem fui
um átomo
na atmosfera
do seu beijo
hoje
sou um núcleo
na saudade
do nosso quarto

Oreny Júnior