segunda-feira, fevereiro 27, 2012

alma vagabunda

..a alma vagabunda
vagueia
de vagão
em vagão
a procura de um vagalume
e nada,
o trem descarrila
ela chora,
morreu inerte,..
..
...

Oreny Júnior

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

não às quartas feiras cinzentas

da velha à nova redinha
passeio meus passos
de pierrô em carnaval
nos braços da família
cosméticos de risos
alinham a beleza de uma alma
passeios às lagoas
de uma infância
jacumã
pitangui
reoxigenei
os pelos aos 50
as rugas criadas pelas gargalhadas
de uma molecagem empoesiada
as quartas feiras
ameaçaram se acinzentar
quando novos passos
traçaram polígonos
no baiacú na vara
entre ruas estreitas
o cheiro do povo
foi o lança perfume
de um ar
em felicidade,

Oreny Júnior

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

vento nordeste

sopra
meu vento nordeste
sou todo seu
feito de sol e sal
visto as velas
desse cais cansado
que tanto me espera
levado pelas caiçaras
nos lemes canguleiros
sopra
meu vento nordeste
a amada me aguarda
o rancho está vazio
aproveita a baixa da maré
e me atraca
joga essa âncora
onde o tempo
por uns dias
será meu amigo
sopra
meu vento nordeste
sopra
sopra
..
...

Oreny Júnior

domingo, fevereiro 05, 2012

Corresponder significa escrever com o coração

“A vida é verbo. Passado, presente e futuro. A vida é cheia de enigmas. Quem colocou a água dentro do coco? A vida é uma grande fantasia. A criança vive de fantasia, portanto, vive de realidade. A tarefa do professor é confirmar a presença dessa criança no mundo.”


“A vida, além de preciosa, é um processo de subtração: cada dia a mais é um dia a menos. E a criança, inegavelmente, é mais do que nós adultos, ela tem mais tempo a ser vivido. Não temos o direito de apressar essa conta de menos. Ao contrário, a escola precisa ajudar a espichar o tempo da criança e ajudá-la a desfrutar ao máximo o sabor de cada dia.”


“Temos que compreender que ensinar não é educar. Que a vida é o espaço da dúvida. A verdade, toda a forma de verdade, é uma procura nossa. A nossa vida se tece na dúvida. A educação é feita de trocas de dúvidas e isso a torna mais emocionante.”


“Precisamos ter mais humildade diante da vida, pois o próprio lugar onde vivemos é humilde: não tem luz própria e precisa, para se iluminar, de uma estrela de quinta grandeza. Um poeta diria: “a terra não tem nem luz própria.”


“Há três coisas que a gente aprende sozinho: a tecnologia, a prudência e a arte. Tecnologia: todos sabem cavar um poço para buscar água. Prudência: todos sabem o que é dor e prazer. Arte: todo o mundo gosta do que é bonito. A minha primeira cartilha foi o olhar do meu pai. Às vezes é o olhar do professor que está trabalhando contra. O olhar inaugura a aprendizagem. Eu só me vejo no olhar de vocês. A minha felicidade está no olhar de vocês.”


“Escola é o lugar da escuta. É preciso que se compreenda a diferença entre ouvir e escutar. Ouvir é um fenômeno fisiológico. Escutar pressupõe tentar adivinhar o que está obscuro.
Podemos estabelecer uma analogia com esse processo da escuta através dos conceitos da psicanálise: ego, o que eu conheço de mim; id, o que eu não conheço (vem pela arte); superego, o que gostaria de ser. O ego é o campo da dor, da alegria, da indiferença, dos medos. O eu é feito de pedaços do outro. Tudo é do outro. Escutar é permitir a presença do outro. O aluno que eu escuto vem morar em mim. A presença do outro me completa.”


“Escutar é mais importante do que falar. Ler é superior ao ato de escrever.
Nascer é receber a condenação de ser leitor. Para sempre. Se o professor é um leitor, o aluno também o será.”


Edição pessoal de recortes do pensamento do escritor mineiro Bartolomeu Campos de Queirós publicados na revista PREÁ - N° 4 - Dezembro/2003 - Natal/RN, de autoria de José de Castro. Origami de Hojyo Takashi. (republicado hoje em sua memória)

Copiado do blog: www.professortexto.blogspot.com

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

primavera

diz um cego
sentado na calçada
no vai e vem
das pessoas
"não quero moedas,
quero simplesmente
enxergar a primavera"
falam-me que é bela
não a vejo
sinto só o perfume,
não quero moedas
quero tocar e ver
as flores,

estória popular