quinta-feira, setembro 30, 2010

a alvorada da palavra

as palavras dormem
no sono em sonho
aí vem a alvorada
e no despertar da palavra
um rebuliço de letras
dançando nesse universo cósmico
imaginando-as
que poema formarão
em forma de anéis
com seu núcleo regendo o espaço
físico e emocional
aí nasce o homem
pra recitar a palavra já dita

Oreny Júnior

quarta-feira, setembro 29, 2010

um histórico poema

leite ilnasa
deda turismo
quadra 51
viação nossa senhora aparecida
seu cocó
seu joel
seu djalma
dona zefinha
seu lopes
capitão pereira
clube intermunicipal
vênus futebol clube
csu
sítio do soldado
campo do cabugí
dona joaninha
seu otacílio
lagoa de manoel felipe
manoel quintino do rego
ruy siqueira
avenida dez
leprosário
morro do careca da cidade da esperança
dona francisca curandeira
seu oreny carteiro
bicho de pé coçando em punho de rede
horário intermediário
cinco irmãos dormindo na sala
uma rede entrançada na outra
seu joaquim com paçoca e queijo de coalho
manel beleza
uma história no rumo da poesia

Oreny Júnior

domingo, setembro 26, 2010

feliz dia meu bem...


feliz dia meu bem

o amor está acima do sexo

só os loucos veem deus

feliz dia meu bem

o arco íris é o seu sol

sua libido brilha

na intensidade dos seus desejos

feliz dia meu bem

rimbaud foi feliz

verlayne tambem

oscar wilde com sua beleza

tambem foi feliz

e essa flor que desabrocha

será a rosa

dos meus encantos

da nossa felicidade


Oreny Júnior

sexta-feira, setembro 24, 2010

ponta negra

ponta negra
1938
os pés dos homens
devastam
as dunas da poesia
ponta negra
era bela
numa natal
mais que bela
beleza negra
onde o farol
namorava
a mais pura
das negras
um recanto
um olhar
uma saudade

Oreny Júnior

quinta-feira, setembro 23, 2010

flor potiguar


silêncio

é primavera...

as flores nascem

num eterno processo

de dor...

breve

estarei abraçando

a minha flor

mais bela

minha flor maria

minha flor potiguar


Oreny Júnior


segunda-feira, setembro 20, 2010

meu roçado

minhas lágrimas
escorrem como a manipuêra
escorre em caldo branco
caindo em sólidas féculas
nas arupemas do roçado
e assim vou cambaleando
com os chucalhos no pescoço
de roça em roça
como meieiro
ganhando aqui
perdendo aculá
num chove faz tempo
o céu nem anuncia
só trovoadas
no meu peito da saudade
e assim vou levando
a patativa nos meus versos
o gibão como sacola
e um versinho
dedilhado na viola
mas meu deus
não se esqueça deu não
eu tô aqui
nessa roça
sem fronteira
sem cumpade joão
nem mané valentin
vizinhos de cerca
somente a lembrança
de um quintal
chamado esperança...

Oreny Júnior

sábado, setembro 18, 2010

catingueiro

água de quartinha
pinga de alambique
rapadura batida
cuscuz com ovo
mel de engenho com farinha
macaxeira com carne de sol
feijão verde com manteiga da terra
ringido de rede
nossa senhora
quanta saudade da minha terra
da minha cozinha
do meu tira gosto
cerrado não se mistura com caatinga
sou catingueiro do potengy
do itans
do jundiaí
do ceará mirim
sou raciado com seridó
e alto oeste
sou catingueiro até a alma
sou nó de jurema roxa
sou macambira
marmeleiro
macumbeiro quando criança
sou raiz de ipepaconha
mangabeiro das dunas
camboim
remela de cachorro
quando cagava
limpava a bunda com cajueiro brabo
sou catingueiro
sou poeta
raizeiro
eu sou alma
sou nordeste
valente
cabra da peste

Oreny Júnior

sexta-feira, setembro 17, 2010

são josé de campestre

e o galo de antoin caipora
grita do alto da cumiêra
lions!!!!!!!!!!!!!
lions!!!!!!!!!!!!!
não cumia mais nenhuma galinha
de tanto medo do juiz da cidade...
chico fabrício quando ligava o liquidificador
para fazer uma abacatada
dava interferências nas televisão da vizinhança...
dado não fazia tiragosto pra galera
porque a gata tava dormindo na frigideira...
essas histórias só enriquecem a cultura de uma região
é a cultura popular na palma da mão
são josé de campestre
distante da minha natal 100 km
personagens que não saem de cena
o galo de antoin caipora
chico fabrício
que é cunhado de mário fabrício...
dado do midway
edinho de moacir
e o neguin de silas
é a cultura popular na palma da mão...

Oreny Júnior

quarta-feira, setembro 15, 2010

trem solidão

durmo nesse trem que não cala
nos vagões que assombram a saudade
o apito soa às 4 da manhã
e aguardo meu pai
vindo da antiga são rafael
trazendo lembranças
sequilhos
e o rosto cheinho de esperança
morava ali no alecrim
avenida nove
vila coronel estevam
eu
meu pai
minha mãe
e meus irmãos
saudade dos tempos de outrora

Oreny Júnior

domingo, setembro 12, 2010

...medo

com medo de mim
eu grito
paixão...
estou com medo de escuro
o bicho papão quer me pegar
estou com medo da viúva machado
com medo de mim
eu crescí e virei adulto
carregando comigo o medo de antes
dos bichos
das viúvas
dos lobos que uivam
júniooooooooooooorrrrrrrrr
eu não sei
mas o medo me persiste
durmo com meus medos
e minhas paixões
sem saber do amanhã
se estarei vivo
ou preso...

Oreny Júnior

liberdade

aqui os pássaros voam
libertam-se
das mãos dos cárceres
aqui os pássaros cantam
a suave melodia dos pântanos
aqui os pássaros dançam
o natural da poesia
caminho entre os pássaros
cumprimentamo-nos
num doce bom dia
aqui os galhos e flores
são seus leitos
e a água da lagoa
é seu mar
de mergulho...

Oreny Júnior

sábado, setembro 11, 2010

Família


Essa é minha família
Uma família de paz
De luz
Inspiração dos meus poemas
Amém...
Oreny Júnior

um setembro distante

estou no setembro, longe da minha terra, longe da minha flor de catingueiro, da minha flor de cactus, onde a macambira confunde-se com o fruto abacaxi, estou longe das floradas da arueira, do umbú do assú, do frondoso juazeiro, o setembro daqui é a flor do cerrado, flor do piqui, são belas tambem, mas a minha flor potiguar é a mais bela do meu quintal, é a flor bela, da poesia primaveril...

Oreny Júnior

sexta-feira, setembro 10, 2010

...gula

minha gula
lhe consome
consumo sua geografia
coordenadas
minha gula
lhe chupa
deixo teu mar
seco
onde os iceberg
afloram
em degelo
minha gula
enxuga
esse leite
em deleite
de arrecifes
e corais
imorais

Oreny Júnior

quinta-feira, setembro 09, 2010

alfabeto

seu V
é um deslize
nas curvas dunas
da minha periférica
cidade
em esperança
o seu alfabeto
eu sei de cor
seu abc
suas vogais
a, e, i, o, u...
o nosso hiato
é ponte
seu D
é delírio
seu ponto G
clímax
e aquele traço vertical
ah!!!!!!!!!!!!!
é um poema
de exclamação
!!!
gozo!!!!!!!!!!!

Oreny Júnior

quarta-feira, setembro 08, 2010

um silêncio qualquer

estou em silêncio
fotografando
sua lembrança
retratando
nosso lambe lambe
nas calçadas da antiga cidade alta
estou em silêncio
o sol é ocaso
e a noite dorme
e o meu silêncio
é vulcão...

Oreny Júnior

terça-feira, setembro 07, 2010

...só hoje

hoje
queria uma revelação sua
ou quem sabe
um clique foda-se
hoje
tá do caralho hoje
prometo meu bem
hoje eu te queria
aqui é 1 hora a menos
nosso dia teria 25 horas
em relação ao mundo
quando o amanhã chegasse
permaneceríamos no hoje
meu bem
minha paixão
hoje
eu

e a nossa poesia
faríamos a 2ª bomba nuclear
revirando o cú pelo avesso
hoje
só hoje
meu bem

Oreny Júnior

domingo, setembro 05, 2010

sinhá no cacau

o coito aflora a dentro
memória
suor a dentro
é cacau
é babaçú
não sei...
se é feto
ou fétido
e dor
dor em balaio
dor em vassoura
...de bruxa
que seca
minha esperança
se esvai
meu valor
minha herança
sou um campo
partido
vazio
onde as barcaças
viram
castelos
...de areia
sou a mulher
mulambo
esvaindo em sangue
puro sangue
de recôncavo
não muito sul
nem meio norte
sou a mulher
cacau
desabrochando
em flor
numa nova flor
clonada
de risos
mel
néctar
amor
...e fé

Oreny Júnior
(esse poema refere-se ao cotidiano da mulher na cultura do cacau, cidade de Ipiaú-BA)

sexta-feira, setembro 03, 2010

inferno

porra paixão
você me enganou
me disse que o horizonte
era logo ali
logo ali porra nenhuma
esse horizonte logo ali
não existe
é longe pra caralho
porra paixão
o céu aqui é cinzento
não existe umidade relativa do ar
meus lábios estão secos
meu corpo não transpira
40ºC na sombra
não existe sorvete
a fábrica de cerveja fechou
estou fudido
porra paixão
você me enganou
o clube da esquina
fugiu de mim
estou num corredor polonês
respiro amônia
enxofre
gás sulfídrico
porra paixão
nada a ver
nada haver
meu amigo
me empresta bukowski
o velho rabugento
o pajé pede chuva
e nada...
ele diz
que se fodam os mares imaginários
a regra aqui
é a morte asfixiada
pelo nada
em nome de um tudo
porra paixão
você me enganou...

Oreny Júnior

quinta-feira, setembro 02, 2010

corpo²

seu corpo
em minha língua
sua língua
em meu sal
suado
sal
a
rio
meu corpo
em sua língua
minha língua
em seu sal
amado
sal
a
rio

Oreny Júnior