domingo, setembro 05, 2010

sinhá no cacau

o coito aflora a dentro
memória
suor a dentro
é cacau
é babaçú
não sei...
se é feto
ou fétido
e dor
dor em balaio
dor em vassoura
...de bruxa
que seca
minha esperança
se esvai
meu valor
minha herança
sou um campo
partido
vazio
onde as barcaças
viram
castelos
...de areia
sou a mulher
mulambo
esvaindo em sangue
puro sangue
de recôncavo
não muito sul
nem meio norte
sou a mulher
cacau
desabrochando
em flor
numa nova flor
clonada
de risos
mel
néctar
amor
...e fé

Oreny Júnior
(esse poema refere-se ao cotidiano da mulher na cultura do cacau, cidade de Ipiaú-BA)

3 comentários:

  1. E assim se nasce a mulher nas fazendas de cacau em Ipiaú.
    Lindo demais.
    Quem sabe escreve ao vivo.
    kkk
    Abraços.

    Michelle (Ipiaú -BA)

    ResponderExcluir
  2. Ler estes versos é viajar pelas fazendas de cacau da obra de Jorge Amado.
    Dá para ouvir o som dos chicotes no lombo dos escravos e sentir o cheiro de suor dos que com seu sangue fizeram e fazem o progresso e a riqueza dos abastados.

    Um abraço!

    ResponderExcluir

Comente aqui!