sábado, fevereiro 28, 2009

Esperança

a esperança canta
a poesia
do rouxinol
da cigarra
a esperança
pega no rabo
da tanajura
e celebra a chuva
a água
no rio franklin
no açude guedes
na poça dina
na aridez...
oreny

Oreny Jr.

Estarão próximos da chegança

estarão próximos da chegança

abaporú
cora coralina
beco da lama
antonio matuto
perdizes
lua negra
e o blog deixará de ser
puro sono...

Oreny Jr.

Sábado

sábado
cheio de noites
estrelada
e o silêncio
está pintado
de...
o próximo
sábado
07 de março
estarei na espera
das águas do poeta...
espero poder
beijar o verão
e com o meu cobertor
chorar
na saudade da minha amada...

Oreny Jr.

Dezoito horas

18 horas
hora de Ângelus
ou como aprendi desde menino
hora do anjo
um anjo de uma grande saudade
18 horas
a Ave Maria
toca em minha vitrola
ouço o soluço da alma
um pranto
recheado de saudade
18 horas
o Pai Nosso
penetra no riacho dos meus olhos
18 horas
fica com Deus meu pai

Oreny Jr.
(ao meu pai, in memorian).

Pescança

a pescança
é farta
e o rumo
é o norte
norteado
pelo farol
farol em vela de mar
em candeeiro de sertão
pescador
faroleiro
em caracóis
sobes ao encontro do pavio
onde alumia
feito às estrelas
toda a sala em água salgada
em alga esverdeada
pela floresta
sob mar
sobre mar
pescador
em pescança

Oreny Jr.

Chão de palavras

jogo
a palavra
no chão
irrigo
cuido
dou
ao chão
um nome
digamos
chão de palavras
e quem passa
pára
olha
e lê
chão de palavras?
é
chão de palavras
e o que um dia
era um espaço
vago
tem-se agora
um ponto
de encontro
de interrogação
de exclamação
chão de palavras!?

Oreny Jr.

Contudo

contudo
tudo
certo
tudo pronto
tudo tonto
todo conto
é lerdo engano
de insanos
que empurram palavras
de sola adentro
de alpercatas a fora
contudo
nada é certo
nada é reto
toda meta
é um inatingível
desprazer pós gozo
contudo
nada
e pronto
não escuto
o ditado das sílabas
o som
somente o som
é compreensível
aos que aprenderam
a amar por gestos
então
tudo troncho
tudo torto
nada certo
sou todo perto
ao aborto desse germe
verme
poeta


Oreny Júnior

E eu não sei fazer poemas

e eu não sei fazer poemas
o mundo
a vida é um ritual
ao que chamam
virtual
.com
.doc
@
e eu não sei fazer poemas
ultimamente

só magoando o meu amor
o grafismo
ou o rascunho no papel
perdeu espaço
para os dedos que pulam
de uma esfera a outra
e eu não sei fazer poemas
a duras penas
magoar o meu amor
e insistir
com esse invasor
a querer ditar
regras que não compro
mas cumpro
e eu não sei fazer poemas
não leio mais Goethe
só vejo nas pranchas
livros de auto ajuda
e eu não sei fazer poemas

a livre pena
magoar o meu amor
que chora
e insiste em me dizer
amor
faça-me um favor
um poema
pelo amor de Deus

Oreny Jr.

Moça prenha

moça prenha de desejos
entre as pernas
manchas de suor
e desejos
desejos de moça-mulher
mulher com rugas nos dedos
contando as estrelas
a espera do seu bem
menina aborta
a boneca
digamos
viva
a boneca chora
a menina chora
o acalanto não vem
moça prenha de ilusão
mulher
viúva
solteira
solidão

Oreny Jr.

Um conto de saudade

uma poeira
de saudade
no canto da sala
um níquel
e nada mais
separa-nos
no canto da casa
os ângulos não são retos
tornam-se paredes
em caleidoscópios
no canto da casa
a tinta em cal
e o chão surrado
com a mancha do cão
que se foi
chove
as brechas não se cristalizam
escrevo teu nome na taipa
a vegetação rebrota
e a poda é inevitável
volta meu bem
uns com
e eu sem
chega e vem
a rede armou-se
e os ringidos
é a canção que nos faz dormir

Oreny Jr.

Vermes

vermes
cospem
no copo
e bebem
o corpo
alheio
vermes
despem-se
caminhando
migrando
na amarga
saliva
dessa
alheia
boca
vermes
beijam-se
e correm
para
o criadouro
vermes
proliferam-se

Oreny Jr.

Vizinhança

oh vizinhança bela
onde andará você?
olho pelo portão
e nada vejo
espio pela janela
e nada...
pelas brechas da porta veia
nada também...
tenho saudade
do tempo de São João
quando mamãe levava
um prato de canjica
pras casas dos vizinhos...
oh vizinho belo
onde andará você?
sinto o cheiro da saudade
de não mais te ver
de não poder pegar
no rabo do tempo
e prender...
daqui você não passa.
tempo e criança
andarão sempre juntos
pra quando a adultice chegar
essa dor
chamada saudade
pare de espiar
esse feio frio de hoje
no belo verão
das noites de São João
que não voltam mais

Oreny Jr.

Rosa murcha

a rosa do jardim
murchou
com a sua saída
os botões
abortaram
uma masturbação
descompromissada
ou melhor
um amor verdadeiro...

Oreny Jr.

Mulher

espiã de um desejo incontido
um verso roubado
em um beijo não dado
eis-me debruçada
aos teus desejos machos
sob sua batuta
sou sua
fêmea
rabuda
mulher...
chuto o balde
digo não
ao seu não
órfã
vagabunda
voraz
sede de leoa
caçadora
eis-me
aqui
caçada
cansada
brinco de boneca
esperando a noite chegar...

Oreny Júnior

Palavras úmidas

sugar
40 gotículas
em palavras
úmidas
para fazer
um pequeno
oceano
com o teu nome
banhar-me
nesse jardim
de cactos
irrigando
nossa cama
de sertão
angicos

Oreny Júnior

Órion

o órion
navega na constelação
seca de meu mar
o franklin
vomita palavras
nas linhas paralelas
dos acordes carvalhescos
poesia em órbita...
canal freqüente
fluindo veias adentro
nas terras da boa esperança
o órion
com o olhar na janela
o poeta
com o verso
no uni
verso...

Oreny Jr.

A conta gotas

conta
gota
contra
gosto
encho
o balaio
que vaza
o líquido
em conta
gotas
a contra
gosto
conto
o enredo
e a contra
gosto
a moça
ouve
a dispersão
do som
das palavras
ditadas
a conta
gotas

Oreny Jr.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Susto

surto
custo
custo
susto
curto
susto
custo
justo
susto
justo
busto
susto
custo
busto
surto
custo
susto
justo
busto
nada
tudo
susto

Oreny Jr.

Um lindo riso

um risco
no riso
uma venda
no olhar
um gesso
nas mãos
uma corrente
no caminhar
tudo em vão
ninguém consegue parar
o que o artista faz
jaz
a ação dos brutos
vive
o retrato da paz
no passado
cinzas
hoje
amanhã
flores pra ti
venero

Oreny Júnior

Mary Lu

quando calo
falo
quando falo
calo
deixo o silêncio
falar-me
enxergo o ditado
em expressões
caso queira
rabiscos
o original da alma...
saudade da Mary
a maga da poesia
digo
papéis manchados
com lágrimas
em folhas eletrônicas
antigamente era canhoto
com a esfera multicolorida
hoje navego
em teclas sensíveis
como expressões infantis
margens
esquerda/direita
como rio
que flui
conforme nosso olhar

Oreny Jr.