quinta-feira, julho 24, 2014

caricriatura

coando o café da noite flui junto o café quando criança quando comia com meus irmãos o pão francês um pão e meio um pão e meio com alegria sem saber o que nos aguardava se meio pão ou dois pães o cinema passou num curta assim 30 segundos e as paisagens vieram a tona deixada pelo aroma da bebida fresca qual nossas idades nossos tempos que passam na velocidade do vento e assim fomos assim somos adultos crianças saudosas de incertezas quando as escadas de caracóis teimam em continuar no cheiro do café na fluidez do rio dos líquidos que evaporam feito palavras que se dispersam feito beijos que secam e passamos os dedos nos lábios e encontramos somente solidão a solidão de um ferreiro na moldagem da ferramenta na brasa do fole no lambe lambe do retrato de rua no malabarismo das crianças nos semáforos que abrem rapidamente o café foi coado a bebida foi tomada e a vida segue entre distâncias entre lembranças entre risos entre lágrimas a vida segue frequentemente intermitentemente a vida segue com as despedidas dos heróis que acreditávamos no amor de diadorim na fé cega de um antonio conselheiro num auto da compadecida de ariano o café queima as pontas dos dedos da língua da sola dos pés das caminhadas avante

Oreny Júnior

sexta-feira, julho 18, 2014

dernadontonte

dernadontontenãofoiontemnemontontedernadontonteédernasemdeixarnemsendoontontesimplesmenteassimdernadontonteumpassadoouummuseudeimaginaçãodotempodernaadocicandoumolharnocéuaprocuradosponteirosdeumrelógioquenãoparaquenãomarcasócorreentoncecomopossosabersedernadontontefoiontemouseseráofuturodeumpresentesendodernadontontehojebastasermarsercéuestrelaalumiandoosolhosdomeubemsollunar

Oreny Júnior

segunda-feira, julho 14, 2014

lingerie preta

quando o horizonte era tecido de lingerie preto e pernas brancas loiras azuis quando a escada era o diferencial da ânsia púbica e trepava-se subia-se na escada rumo ao pico do desejo incontido de um auto-sexo flagelo maneta delírio punheta e os garotos do cortiço subiam escondendo-se no retrato frechal de uma cobertura de periferia e as loiras despiam-se seios bundas bucetas sopravam o vento de uma liberdade observada pelos garotos manetas pela velha adalgisa frechal goiabeira guarda roupas eram as arquibancadas de ricos geraldinos onde as loiras despiam-se sob o olhar de santa rita de cássia de santa cruz de uma parte profana lúdica real satisfatória adolescências risonhas écrans porno belo em frontes de fontes jocosas os leites derramavam cérebro a dentro em esperanças respiradas ufa ufa e rebobinava-se o filme mesmo cenário lanternas pipocas e um lance dado lance de dados mallarmé heróico erótico perfume francês

Oreny Júnior

sexta-feira, julho 11, 2014

lábius

beijos soam nos lábios em batom com bola em lábios inferiores superiores lábios doce cor morango gelatinando no visgo viscoso desse mel de desejos sonhando no pau sonâmbulo em pêndulo entrincheirando seu vértice sua cova sua cava no curral dessa vaca babando o capim com sal do ébano de orpheu nu jardim onde os ratos sofejam a doce melodia da meia noite ratazanas desmaiam e amanhece o sol amarela o vermelhidão da noite anterior e a cidade cheira e não encontro os dormentes da linha férrea onde pudesse envenenar-me com os cogumelos úmidos que teimaram em renascer e marcar um novo encontro quando os lábios não mais se conheciam e as tetas não acendiam em ângulo reto mostrando o norte do cabaré da morte

Oreny Júnior

segunda-feira, julho 07, 2014

ah há abraços

ah
braços
braços
a
braços
a
conchego
chamego
nos
seus
braços
em
meus
braços
nos
nossos
abraços

Oreny Júnior

quinta-feira, julho 03, 2014

vômito

vomito
o
diário
em
diarreia
que
me
arrêia
feito
burro
empancado
o
vômito
diário
em
um
aborto
gástrico
que
me
ruiu
que
me
pariu
sob
a
banca
da
feira
no
vômito

Oreny Júnior

quarta-feira, julho 02, 2014

malassada

malassada
salada
mala
sala
assada
alas
mal
assada
malassada

Oreny Júnior

só.lido

piolho
bicho de pé
frieira
chanha
caspa
tersol
asma
bronquite
unha encravada
chulé
foram meus companheiros na minha infância
.
hoje
adulto
sofro de solidão
.
saudade da minha infância

Oreny Júnior