terça-feira, agosto 31, 2010

não é minha praia...

não é minha praia
mas fui na sua onda
nem tanquanto meu carnaval
mas saí a contra gosto
de pierrô
aguardando você
a colombina
é setembro
anunciam a primavera
e cadê as flores?
nem cartas
com erros grosseiros
de um português ruim
você anuncia pra mim
é isso
faz parte
a fila andou
é o que escuto
ok meu bem
você venceu
não é minha praia
mas fui na sua onda

Oreny Júnior

sábado, agosto 28, 2010

a poesia de ontem

a poesia de ontem
era recheada
com guevara no peito
chaplin do outro lado
acendia as luzes da ribalta
bruno tolentino
jogava tomates em oswald
e o meu país varria
as cinzas de um golpe de galinhas
os irmãos campos me encantavam
com as páginas em concreto
natal fervia com falves e moacy
navarro
seu luís
isso era a poesia de ontem
saudade da poesia de ontem
amém janilson
amém nina rizzi
que louvem e cantem
num eterno sempre presente
a poesia de ontem

Oreny Júnior

sexta-feira, agosto 27, 2010

encontro das águas

a poesia anda ausente
como as cartas desastrosas
de iwska isadora
cartas duvidosas
cheias de medo
como o encontro das águas
rios
mares
pororocas
hoje o amor se delicia
com a verdade
e a carícia da alma

Oreny Júnior

quinta-feira, agosto 26, 2010

vou no rumo do sertão

vou no rumo do sertão
com estrelas seridó
com as colchas de retalhos
trançando poesias
em formas de hai kai
concreto
processo
vou no rumo do sertão
irrigando as estiagens
nesse vale solidão
vou no rumo do sertão
nesses 3.300 de estradas quilométricas
sertão nosso de cada dia
sua lamparina é minha estrela

Oreny Júnior

domingo, agosto 15, 2010

voos de araras

sobre minha cabeça
voos de araras
tucanos
uma fauna rasgando
sons na batuta
de manoel de barros
composição de girassóis
dorian gray
newton navarro
as araras formam
um caleidoscópio aéreo
polígonos verticais
definem meu olhar poético
belo
belo como Deus

Oreny Júnior

a memória de cizino

mais um personagem
da rua caruarú
sai de cena
cizino
o alecrim perdeu um torcedor
cizino
de corpo esquelético
de alma discreta
que Deus abençoe
que confortem
dona tôta
paco paco
zilma
amem

Oreny Júnior

sábado, agosto 14, 2010

sou a mulher...

sou a mulher
maga
sou a mulher
zefa
sou a mulher
santa
sou a mulher
glória
sou a mulher
vanúzia
sou a mulher
itanagira
sou a mulher
iara
sou a mulher
isadora
sou a mulher
núbia
sou a mulher
fernanda
sou a mulher
severa
sou a mulher
naninha
sou a mulher
que pariu sentimentos
que pariu dores
que pare constantemente
seus amores
sou a mulher cobiçada
poeta pra todas as horas
pra cama em todos os desejos
sou a mulher
que reclama
meu macho sumiu
sou a mulher solidão
quartos amplos
camas frias
sou a mulher
que não finda a tpm
totalmente pirada e maluca
sou a mulher mulher
sinto ciúmes
em ser o homem que sou

Oreny Júnior

sexta-feira, agosto 13, 2010

ontem fui graveto, hoje sou sertão

ontem fui graveto
hoje sou sertão
sou filho mãe de caicó
sou filha pai de pau dos ferros
ontem fui graveto
hoje sou sertão
seridó alto oeste
moleque cabra da peste
ontem fui graveto
hoje sou sertão
a poesia é minha mãe
a poesia é meu pai
a poesia é minha mulher
amante até
a poesia filho é
filha é
ontem fui graveto
hoje sou sertão
sertão não sei de onde
pra onde me levam
pra onde eu sou
e quando eu fui
ontem fui graveto
hoje sou sertão
poema órfã
feto solidão
ontem fui graveto
hoje sou sertão

Oreny Júnior

manoel pássaro de barro

manoel
pássaro
de barro
seu manoel
peço sua licença
pra invadir
seu mato grosso
quem mandou
lembranças
foi seu amigo
cascudo
lá de natal
manoel
pássaro
de barro
sua árvore oca
aninha seus papagaios
verdinhos de poesia

Oreny Júnior

domingo, agosto 08, 2010

PAI

PAI
sua benção
PAI
um poema oração
a sua memória
PAI
dai o conforto espiritual
aos seus filhos
PAI
jamais deixarás de ser
PAI
amem

Oreny Júnior

quinta-feira, agosto 05, 2010

almas infieis

às almas infieis
o ceu é sazonal
como estarás
tambem na sazonalidade
do meu poema
às almas infieis
incrédulos sorrisos
tambem

Oreny Júnior

amem

meu senhor
amem
amem
pelas palavras
que nos fazem
versos
amem
meu senhor
minha guarda
que me guarda
nos colchões
de sonos
eternos
da poesia
meu senhor
amem
um poema-oração
amem
amem
pelas sílabas
oxítonas
paroxítonas
proparoxítonas
amem
pelos verbos
amem
pelos versos
espinhosos
que me aconchegam
amem senhor
meu senhor
meu melhor poema
amem

Oreny Júnior

vestígios

sobre a calçada
vestígios
de quem ficou
sob a calçada
imagens nanos
de quem se foi
na calçada
uma caçada
perdida
num voo passageiro
e assim é a nossa vida
breve
tão breve que não dá tempo
de nascer

Oreny Júnior

segunda-feira, agosto 02, 2010

quando eu crescer...

quando eu crescer
quero ser um menino
que sonha
sonha
e...
não se cansa de viver

Oreny Júnior

brotos

os brotos
germinam
em canções
a poesia em
trigo
fermento

pão
flor
uma pétala
a cada fome
um pólen
a cada sede
felizes
são as flores
que brotam
sem licença
photogênica

Oreny Júnior

domingo, agosto 01, 2010

nudez

joguei os novelos
de linha no chão
trancei suas rendas
desfiz seu vestido
fui ao encontro
de sua alma nua...

Oreny Júnior