sábado, maio 31, 2014

am puta

a
puta
amputa
um
desejo
da
dona
de
casa
querendo
ser
puta
mas

lhes
ensinam
o
caminho
da
igreja
ela
grita
eu
sou
profana
não
quero
ser
santa
quero
ser
puta

Oreny Júnior

quinta-feira, maio 29, 2014

h íato

quando
a
flor
cruzou
o
hiato
a
palavra
deixou
de
ser
dita
e
virou
essência
composta

Oreny Júnior

catamarã

catamarã
catando
águas
para
navegar
catamarã
os
capitães
atracam
suas
naus
no
porto
deserto
de
amor
catamarã
bandeiras
a
meio
pau
celebram
a
solidão
de
um
rio
sem
catamarã

Oreny Júnior


circu's

qual
a
distância
entre
o
arena
das
dunas
e
o
josé
pascoal
de
lima
.
qual
a
distância
entre
o
arena
das
dunas
e
o
juvenal
lamartine
.
qual
a
distância
entre
o
arena
das
dunas
e
o
machadão
.
a
hipocrisia
a
idiotice
.
os
pães
e
os
circos
são
os
mesmos
.
o
que
muda
é
a
roupa
do
palhaço

Oreny Júnior

a braços

e
quando
braços
formam
a
braços
quando
artigos
e
preposições
formam
à
craseado
casado
contigo
num

abraço

Oreny Júnior

quarta-feira, maio 28, 2014

avoante

sobre
a
voante
o
bem
te

belisca
o
cocuruto
do
gavião
.
veja
a
beleza
e
a
leveza
das
penas

Oreny Júnior


sábado, maio 24, 2014

Fantasmas

Numa manha manhã de sexta feira os olhares desapercebidos percebiam o ontem viajado há longíquas léguas de uma solidão à fora sem direito a réplica ou a negra de três de uma partida indecidida e esta sexta feira onde os fantasmas eram a presença certa parando até os ponteiros do que um dia foi relógio sem demarcação de tempo pois este tempo não mais me pertence nem tanquanto aos coadjuvantes que encenam minha novela novelo de lã destosada de peito nú de alma crua de uma diva cruel solidão sexta feira quando contive-me o balé encenava a dança de salão cabaré dama de vermelho e o fantasma amigo olhava-me falando para o seu interior quero dançar com meus fantasmas quero percorrer todos recantos da casa velha onde as teias seguram as xícaras de um café que um dia foi sabor de jardins abandonados gatos fugidios fujões do silêncio unilateral corpo rígido um pai nosso uma ave maria do céu um poema em forma de unção cadeiras birôs porcelanas sem uso bíblia aberta sem leitura revistas com notícias decanas conversas temas dadivosos vaidade eclesiastes atenções voltadas para o silêncio que barulhava mais que o monólogo sujeito ainda vivo e os fantasmas divididos de saudades e solidões amores definição de um verdadeiro amor onde o tempo será o melhor bouquet de flores alecrins cheirosas rosas de mandacarú de um seridó cansado os fantasmas sentam respiram a dança de salão um abraço um desejo um até logo voltaremos no inverno pra hibernarmos juntos as danças e os fantasmas do nosso convívio amém solidões amém fantasmas breve percorreremos os nove anéis de dante virgílio beatriz meu deus fantasma meu fantasma deus

Oreny Júnior

quinta-feira, maio 22, 2014

Escafandro

o
escafandro
não
mergulha
num
fundo
de
rios
o
escafandro
fica
preso
num
raso
de
risos

Oreny Júnior

terça-feira, maio 20, 2014

Alice IV

.alice
marina
morena
alice
traquina
poeta
não
sei
o
seu
nome
digamos
morena
menina
alice,

Oreny Júnior

Bordando

.bordo 
os
casacos
que
aprendí
a
vestir
protegendo-me
dos
frios
bordéis
da
vida
os
dedos
carregam
calos
dos
bilros
trançando
os
novelos
fios
frios
sonhos
de

bordo.

Oreny Júnior

Alice III

.nasceu
meu
novo
POEMA
.
a
boneca
ALICE
nasceu
.
seja
bem
vinda
ao
reino
da
POESIA
.
boneca
ALICE

Oreny Júnior
(.para minha NETA, que acabou de nascer)

Alice II

.e 
quando você se redescobre
que aos cinquenta e um anos de idade
se enamora, sente-se namorando
apaixonado por uma plebéia
ah, paciência
ah, um lince
ah, um lance de dados mallarmaico
ah!
chega de mistério
o nome da namorada
é
.
.alice
aliciou-me
.e
endoideceu meu coração
.e
virei criança outra vez
passeando no bosque,
e.

Oreny Júnior

Jesus Cristo

Iesus Kristos, venho neste dia te desejar um Feliz Aniversário, dentro do calendário que me des.ensinaram, 2013 anos de sofrimento, pelo menos foi o que a Igreja impôs e vem impondo aos in.crédulos, vendendo sua imagem, passagem, dor, sangue nas mãos, no pé da canela, dividindo em parcelas sem juros, no cartão, no cheque, só não vale na palavra, amanhã eu dou!
Iesus Kristos, filho da caverna, buraco, manjedoura, ovelhas, reis magos, estrelas, maria não suja de sangue, só o Divino Espírito Sangue?
Iesus Kristos, a tua palavra, os teus ensinamentos, me libertam, desde os amigos que lutaram na busca da liberdade, fugindo das injustiças, das tiranias, vendo-te no rio araguaia, na sierra maestra, e hoje ainda, nas carvoarias, nos rincões sertões sofridos, esperando chuva e mesmo assim, nossos corações não estão áridos, sempre aguardando(??) um novo dilúvio?
Iesus Kristos, quanta enganação dos teus apóstolos, onde a mídia vende, vende e vende, pois, teu povo não lê, não interpreta, não discorda, é só amém, amém, amém.
O meu Iesus Kristos, que creio, que vive em mim, vive, templeia, roga, expressa, sorrir em toda vida, a todo momento, pois, a saúde que me dás é o suficiente pra lutar e sempre agradecer o filho que tens.
Beijos, Iesus Kristos, e um Feliz Aniversário!

Oreny Júnior

Alice

alice
mamadorme
dormemama
alice
dormemama
mamadorme
alice

Oreny Júnior

Sereia

sereioseumaramadoevocêminhaamadasereia

Oreny Júnior

Ontem

hoje
é

eu
em
mim
é
sol
eu
e
mim
o
hoje

passando
passou
desde
o
início
do
poema
não
sou
mais
eu
em
mim
fui
o
sol
que
deixei
passar
em
mim
hoje

Oreny Júnior

Outrora

nas
marias
meu
pai
caçava
perdizes
rolas
em
casa
minha
mãe
o
esperava
com
a
caçarola

Oreny Júnior

Quero ver a beleza do amor

quero ver a beleza do amor
- quando estivermos cagados e vomitados em cima da cama
quero ver a beleza do amor
- no trocar das fraldas
- no banho diário
- na atenção
- na paciência, quando o alzheimer chegar e a memória sumir, e eu não saberei mais quem és
quero ver a beleza do amor
- quando dissermos, o sol não é amarelo, o amarelo do girassol, escancarados qual nosso sorriso
quero ver a beleza do amor
- quando nossos pentelhos estiverem brancos, e mesmo assim, acharmos lindo a sua cor, o seu grisalho, é fácil ver a beleza do amor nos seios durinhos, bundinha empinadinha, pau duro
quero ver a beleza do amor
- quando estivermos sóis, abandonados qual trapo sujo, usado, desnecessários
quero ver a beleza do amor
- quando desaprendermos a ler poesia e a nossa esperança desaparecer
quero ver a beleza do amor
- mordendo-nos
- morrendo-nos abraçados
aí enxergarei a beleza do amor e direi ao pé do teu ouvido, eu te amo

Oreny Júnior

Nú entorno

no
entorno
da
copa
das
árvores
um
outono
jazendo
um
verão
e

num
horizonte
um
inverno
anuncia
a
flor
que
virá
de
uma
primavera
entorno
no

Oreny Júnior

Me

cita
-
me
-
ex
cita
-
me
-
não
hesita
-
me
-
dita
-
me
-
mal
-
dita
flor
-
com
-
cheiro
-
de
-
cemitério

Oreny Júnior

Nananas

bananas pra que te quero carmen miranda bananas balangandans povo brasileiro papagaio de pirata disco arranhado repetitivo massa de manobra bananas nas mãos bananas que não te quero já dizia darwin bananas nananas casca verde leite pacovan prata bananas cachos sem poesia valha-me deus bananas não deem bananas aos macacos nem mel aos ursos bananas porque eu não quero não te quero copa quero saúde quero hospital bananas longe da minha dieta bananas mamonas manhanas carnaval circo pão sem poesia

Oreny Júnior

Gramática II

estás com migo então não estás comigo quando você disse que feis ou que tanto fais estar com migo não deixa de estar comigo porque a forma independe do fonema ouvido comigo querida ou com migo querido não me importa o dialeto da língua ensinada mas o amor posto na concordância clara de um verbo único para um sujeito claro assim foi assim será tanto fez como tanto faz porque o amor sentido por ti não se aprende em sala de aula assim sendo lavro a escrita em troca do seu riso

Oreny Júnior

Gramática I

geito é forma ou desforma de jeito viagem é mala feita ou desfeita de viajem maneiro é leve ou legal qual seria a minha média numa redação quando escrevo séquiço no lugar de sexo ou seixo rolando um desamor afora sabe assim sei lá como não querendo querer a minha língua é enrolada não se unifica existem tremas no meu liqüidificador e vôo em voo normas e regras só existem pra quem não sabe escrever toda forma é desforma como todo preconceito é uma forma errada de um paradigma mal criado

Oreny Júnior

Passarinheiro

As portas se entreolhavam numa realeza mágica lúdica onde os ventos não se dissipavam não se dispersavam.
As portas da nossa casa comungavam na visita dos passarinheiros. 
As garrafas de cafés transbordavam ao lado dos cantos dos passarinhos.
O gorjeio do sabiá da Bahia, do sabiá da praia, do sabiá gonguê.
O açoite do galo de campina.
As repetições no canto do curió.
O canto disparado e contínuo do canário belga.
Os estalos do canário da terra.
As procriações dos periquitos australianos.
O tinindo na bigorna do ferreiro.
O hino nacional do concriz.
As variações azulões bem te vis chegavam para visita.
A beleza do xexéu de bananeira com seu bico alongado jogava o pão com leite na parede lisa.
O sanhaço pardo azul arco íris.
As portas se entreolhavam numa realeza mágica lúdica onde os ventos não se dissipavam não se dispersavam.
E a poesia permeou-me frutificou-se nesse olhar onde os cantos deram lugar as saudades aos choros dos rouxinóis.

Oreny Júnior

(..para meu pai, Oreny, em memória)

Pai

Ao meu bom passarinheiro um abraço com vários braços 
Ao meu bom navegante um mar de embarcações 
Ao meu bom caçador uma campina pousada de perdizes
Ao meu bom carteiro uma carta cheia de beijos
Ao meu bom pai uns filhos e uma bisneta morrendo de saudades
Ao meu bom amigo um vento assobiando para o mar uma canção "até breve"

Felicidades

(Em memória de meu pai que estaria completando hoje 79 anos)

Oreny Júnior

Águas

águas
.
enxaguam
adoçam
lavam
brotam
correm
.
águas
.
lavam
mágoas
adoçam
a
vida
enxaguam
o
limo
de
ontem
brotam
o
broto
da
flor
.
águas
.
temperam
suas
salinas
.
amaralinas
.

Oreny Júnior

Mãe

Eu queria ter uma mãe
Uma mãe que não estivesse sepultada
Uma mãe sem data de validade vencida
Eu queria ter uma mãe
Onde hoje pudesse dar um abraço e um beijo
Onde pudesse ligar pra ela todos os dias e pedir sua benção
Eu queria ter uma mãe
Onde se preocupasse comigo perguntando Júnior está tudo bem?
Como vão as coisas quando você chega?
Eu queria ter uma mãe
Pra me dar uma surra com sandálias havaianas
E me colocasse pra dentro de casa que tava na hora de dormir
Eu queria ter uma mãe
Pra comer do seu feijão mulatinho
Pra comer das suas cocadas e chupar seus din din's
Eu queria ter uma mãe
Pra me matricular nos colégios da minha infância
Pra dar a benção aos seus netos e agora bisneta
Eu queria ter uma mãe
Pra vê-la passar rouge e talco no seu rosto de sertaneja
Pra vê-la sorrir para o seu homem sua eterna paixão
Eu queria ter uma mãe
Pra vê-la dormir dizendo que estava assistindo televisão
Pra resmungar dos personagens de sua novela
Eu queria ter uma mãe
Juro como eu queria ter uma mãe

Oreny Júnior

Recados da Maga

consertar (cerca elétrica)
.
limpar (caixa de gordura)
.
remendar (o piso da varanda)
.
comprar (a torneira da pia de louça/verduras carnes e frutas da semana/pão/adubo às plantas)
.
pagar (o cartão/vigia/casa de apoio)
.
caminhar (pois você está gordo)
.
tomar (chá verde/você tá bebendo muita cerveja)
.
comer (chia/linhaça/aveia/quinua/granola/mamão/coalhada/torrada)
.
lembrete (meu remédio acabou)

Oreny Júnior

Céu

se
é
ceu
não
é
seu
mas
se
for
céu

sim
é
meu
e
seu

Oreny Júnior

Aprendiz

mas mas quem me dera quem dera eu ser um aprendiz de poeta sim aprendiz de poeta poder assistir as aulas de sensibilidade da flor do vento do voo do passarinho do imaginário que nos passa desapercebido ah quem me dera digo quem dera eu ser um aprendiz de poeta poder olhar pra chuva e dizer ei sou seu amigo pois eu estou aprendendo a ser poeta e ela me corresponder com olhar aquoso sim o olhar que só ela tem um olhar de chuva de chuva chovendo ah mas dirão os catedráticos os doutores sabichões duvido você passar para aprendiz de poeta ah mas eu relevo pois sonho de criança adultos não tomam ser aprendiz de poeta poder não poderoso mas poder um poder bem simples assim como a poesia que o aprendiz de poeta faz ou melhor rabisca nas entrelinhas dos seus passos ditados nos quadros a giz dizendo a professora fui eu que fiz ah aprendiz de poeta ser encantado sem ser encantador aprendiz de poeta dirá meu beija flor beijei seu néctar para molhar sua caneta e desejar bom dia à sua amada dar um beijo na sua mamãe dizendo obrigado por me matricular para aprendiz de poeta poeta não como o carlos o castro o olavo o fernando quiçá um cascudo mas só em ser um aprendiz de poeta é uma vitória de uma vida dividida entre o ser e o não querer ser aprendiz de poeta ah quem me dera quem dera eu ser

Oreny Júnior

Kabelo's

não passe a prancha no seu cabelo pixaim surfe no mar flutue na onda do mar deixe seus cabelos pixaim em paz deixe ele voar seus fios encaracolados não merecem formol amônia venenos deixe seus cabelos pixaim no sossego do natural desfilando o black power hair pixaim os pingos da chuva batem na sua prancha eles se alteram descomposição química faça um poema com o seu pixaim ponha um belo friso no seu pixaim só lave o seu pixaim não prancheie seu pixaim assuma seu pixaim nos hemisférios north south pixaim desformolize seu pixaim pixaim pixaim

Oreny Júnior

Gira sol

.a flor de girassol do meu quintal girando sorrindo florindo o sol do seu giro nos nossos sentidos nos sentidos opostos apóstolos anunciando os raios de sol amaryellow's girando-me amando-me mamando-me flor bonita do meu quintal irrigado pela paz pela sombra nos cânticos poundianos ulyssianos homerianos.
.a flor de girassol num eterno circulador de fulô haroldiano a flor de girassol não me canso de te louvar girassol belo bela flor amaryellow's girassóis

Oreny Júnior

Jardin's

jardins de pampulha onde os beija flores desfilam no mel néctar doce beijo dos bebedores açucarados desde os xaxins esmerando véus céus de estrelas às gramíneas rastejando ares pelo chão sombreado pelo pau brasil protetor do meu jardim jardins de areias barradas de húmus arenosas jardins de pergolados dependurados em trepadeiras raizeiras mudas miúdas germinadas para o jardim de flores de rosas de vitórias no mundo encantado de alice régias poças oitões varandas cenários écrans fotossíntese de um cinema multi cor lorido assim

Oreny Júnior