sábado, maio 24, 2014

Fantasmas

Numa manha manhã de sexta feira os olhares desapercebidos percebiam o ontem viajado há longíquas léguas de uma solidão à fora sem direito a réplica ou a negra de três de uma partida indecidida e esta sexta feira onde os fantasmas eram a presença certa parando até os ponteiros do que um dia foi relógio sem demarcação de tempo pois este tempo não mais me pertence nem tanquanto aos coadjuvantes que encenam minha novela novelo de lã destosada de peito nú de alma crua de uma diva cruel solidão sexta feira quando contive-me o balé encenava a dança de salão cabaré dama de vermelho e o fantasma amigo olhava-me falando para o seu interior quero dançar com meus fantasmas quero percorrer todos recantos da casa velha onde as teias seguram as xícaras de um café que um dia foi sabor de jardins abandonados gatos fugidios fujões do silêncio unilateral corpo rígido um pai nosso uma ave maria do céu um poema em forma de unção cadeiras birôs porcelanas sem uso bíblia aberta sem leitura revistas com notícias decanas conversas temas dadivosos vaidade eclesiastes atenções voltadas para o silêncio que barulhava mais que o monólogo sujeito ainda vivo e os fantasmas divididos de saudades e solidões amores definição de um verdadeiro amor onde o tempo será o melhor bouquet de flores alecrins cheirosas rosas de mandacarú de um seridó cansado os fantasmas sentam respiram a dança de salão um abraço um desejo um até logo voltaremos no inverno pra hibernarmos juntos as danças e os fantasmas do nosso convívio amém solidões amém fantasmas breve percorreremos os nove anéis de dante virgílio beatriz meu deus fantasma meu fantasma deus

Oreny Júnior

2 comentários:

  1. Belo texto, todos nós temos fantasmas nos rodeando.

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  2. Sem palavras para expressar,o que esse texto falou comigo...ao fantasma que vive em mim a quase 1 ano.
    Grande poeta

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